quarta-feira, 31 de julho de 2013

SP: Corredor poderá ganhar ônibus expresso

Ideia da Prefeitura é criar uma linha de alta capacidade para fazer a ligação Norte-Sul da cidade.
Foto: Werther Santana/AE
A criação de uma faixa exclusiva de ônibus ao longo de todo o corredor Norte-Sul, que começou a ser implementada ontem e está prevista para ser concluída nos próximos 30 dias, pode viabilizar uma linha de ônibus que atravesse a cidade. A criação do itinerário está sendo estudada por técnicos da Secretaria Municipal de Transportes.
“Não digo que seria uma linhas expressa porque teríamos que fazer algumas paradas. Mas você atravessaria a cidade com uma linha só, o que não acontece hoje”, afirmou o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto. Em geral, os coletivos que saem da zona sul ou da zona norte param em terminais no centro. “Alguns corredores, como os das Avenidas Ibirapuera e 9 de Julho estão sobrecarregados. Eventualmente, algumas linhas poderiam ser transferidas para a 23 de Maio.”
Especialistas em engenharia de tráfego defendem a criação de uma linha de ônibus de alta capacidade que faça a ligação Norte-Sul e seja alimentada por linhas menores, que circulariam pelos bairros. Mas o ideal seria que esses veículos andassem por corredores de ônibus à esquerda – e não pela faixa exclusiva à direita, que tem mais interferências dos automóveis.
“Poderia ser feito um grande corredor, com ultrapassagem nos pontos de parada e uma linha estrutural, com ônibus biarticulados. Um sistema desse poderia transportar 35 mil passageiros por hora e por sentido da via, quase metade do que faz uma linha de metrô, mas com um preço de implementação muito mais baixo”, afirma o consultor Sérgio Ejzenberg, mestre em Transportes pela USP.
Velocidade
A faixa exclusiva começou a funcionar ontem entre as Ruas Paineira do Campo e Carlos de Souza Nazaré, passando pela Ponte das Bandeiras e atravessando a Avenida do Estado.
A velocidade dos ônibus quase dobrou. Na semana passada os ônibus circulavam a 14 km/h. Ontem de manhã, eles atingiram a média de 25,4 km/h, segundo medição parcial feita por técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Um estudo completo sobre a eficiência das faixas exclusivas está ainda sendo preparado pela CET.
O secretário Jilmar Tatto lembrou que os táxis devem ser autorizados a utilizar as faixas exclusivas da cidade. Em alguns pontos, como na Marginal do Pinheiros, ônibus fretados também podem ser beneficiados.
Fonte: O Estado de S.Paulo, Por Tiago Dantas

Dilma Rousseff anuncia R$ 8 bilhões para o PAC São Paulo

O pacote de obras inclui os setores de transporte público, habitação e contra enchentes. Serão construídos 99 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus na cidade.
Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de anúncio de investimentos do PAC Mobilidade Urbana, Drenagem e Recuperação de Mananciais, em SP. Foto: 31.07.2013/Roberto Stuckert Filho/PR
A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta quarta-feira (31) investimentos de R$ 8 bilhões para obras em São Paulo. O montante faz parte do PAC Mobilidade Urbana, Drenagem e Recuperação de Mananciais e integra os R$ 50 bilhões anunciados pelo governo federal no final de junho, após as manifestações que ocorreram em todo o país, para a melhoria do transporte público urbano.
“É justo que a primeira cidade a receber seja São Paulo. É aqui que está concentrado o maior desafio do Brasil”, disse Dilma Rousseff que citou Rio de Janeiro e Belo Horizonte como as próximas cidades a receberem investimentos.
Para o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), esse é “talvez o maior pacote de investimentos do governo federal em São Paulo”.
A presidenta explicou que três áreas serão contempladas: a mobilidade urbana, com R$ 3 bilhões; as obras de drenagem, R$ 1,4 bilhão; e na recuperação de mananciais, R$ 2,2 bilhões. Durante as obras, 20 mil famílias serão realocadas para casas do programa Minha Casa Minha Vida, que contabiliza R$ 1,5 bilhão.
Os R$ 3 bilhões anunciados para a mobilidade serão investidos na construção de 99 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus e terminais de passageiros. Atualmente, existem 126 quilômetros na cidade.
Conforme a presidenta, as obras terão início a partir de amanhã e o resultado delas fará com que o transporte de superfície “flua” e reduza o tempo de deslocamento. “O tempo para as pessoas é sinônimo de vida. Tempo é vida.”
Além dos corredores exclusivos, Dilma afirmou que o governo está empenhado em investir em metrôs, Veículo Leve Sobre Trilhos (VLTs) e outras sistemas de transporte urbano compatíveis com a população. “Temos a maior cidade do mundo com o menor sistema metroviário do mundo. Vamos enfrentar esse desafio. Sabemos que em São Paulo vivem 11 milhões de pessoas e que 55% usam o transporte coletivo.”
Segundo o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), essa medida irá solucionar um problema na tarifa. “Quando o ônibus não anda [por conta de congestionamento] há um aumento no preço da tarifa.” De acordo com ele, o Índice de Passageiro por Quilômetro (IPK) tem um impacto na tarifa em cerca de 30% do valor. O IPK é uma forma de medir os custos das empresas e mostra quantos passageiros por quilômetro rodado os veículos transportam.
“Mobilidade urbana é devolver tempo para as pessoas, é permitir que as pessoas passem tempo com as suas famílias, estudem e ganhem vida.”
Agência T1, Por Bruna Yunes

Fracassa licitação do Metrô de SP


Foto: Reprodução
A licitação da Linha 6-Laranja (Brasilândia-São Joaquim) do Metrô de São Paulo terminou sem nenhum interessado e a Secretaria Estadual de Planejamento convocou os investidores para rediscutir o projeto no dia 7 de agosto.
Seria a primeira linha totalmente construída e operada pelo setor privado. Com 14 estações na primeira fase, é avaliada em R$ 8 bilhões – metade do aporte seria feito pelo governo estadual, em Parceria Público-Privada.
Na avaliação dos consórcios que estudavam o projeto, houve superestimativa do número de passageiros e avaliação muito baixa dos investimentos necessários.
Com isso, a rentabilidade ficou ameaçada. O governo paulista não divulgou uma taxa interna de retorno, mas garantia informalmente que ela chegaria a 8%, percentual que desagradou os investidores.
 Fonte: Valor Econômico, Por  Daniel Rittner

Após anúncio de investimento, Dilma critica sistema de metrô em SP


Prefeito Fernando Haddad e a presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de anúncio de investimentos do PAC Mobilidade Urbana em São Paulo. Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação/PR
Em sua primeira visita a São Paulo após os protestos de junho, a presidente Dilma Rousseff (PT) enalteceu ações do governo federal na área de mobilidade urbana e criticou indiretamente o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ao dizer que a capital paulista é “a maior cidade do mundo com o menor sistema de transporte metroviário do mundo”.
Dilma falou nesta quarta-feira (31) ao lado do prefeito Fernando Haddad (PT). Ela veio à cidade anunciar a destinação de cerca de R$ 8 bilhões em recursos, dos quais R$ 3 bilhões para corredores de ônibus na capital. Segundo a petista, seria o maior volume de dinheiro federal já destinado, de uma só vez, à prefeitura.
A gestão do metrô, cuja necessidade de expansão foi explicitada por Dilma, é responsabilidade do governo estadual, nas mãos do PSDB há 20 anos. “Uma das teorias divulgadas no Brasil é que o país não tinha nível de renda suficiente para comportar metrô. Ora, como é possível uma cidade do tamanho de São Paulo sem transporte metroviário? Sem que o transporte possa ter uma velocidade que recorte a cidade em toda a sua expansão?”, questionou a presidente.
“Essa teoria é responsável pelo fato de sermos talvez a maior cidade do mundo com o menor sistema de transporte metroviário do mundo. Isso é uma questão muito séria e nós temos de encará-la e enfrentar esse desafio com todas as armas que temos. Com as parcerias que fazemos com o governo do Estado para acelerar as obras do metrô”.
Convidado para o evento, o governador Geraldo Alckmin não compareceu pois já tinha compromisso. Enviou como representante o secretário de Planejamento, Julio Semeghini. A visita de Dilma estava prevista para ontem, mas foi adiada porque a presidente estava doente.
Dilma disse ainda que seu governo já ajuda as obras de ampliação do metrô contribuindo com recursos para as linhas Verde e Lilás, e na CPTM, na modernização de equipamentos da linha Diamante, por exemplo.
Investimentos em SP 
Durante o evento em São Paulo, Dilma Rousseff disse que o governo federal destinará R$ 3,1 bilhões para mobilidade urbana, incluindo corredores e terminais de ônibus.
A presidente também garantiu o investimento de R$ 1,6 bilhão para obras contra enchentes, como no córrego Tremembé e no riacho do Ipiranga, além da criação de um parque linear em Perus e obras de drenagem no Vale do Anhangabaú.
As represas Billings e Guarapiranga serão beneficiadas com R$ 3,3 bilhões. Serão construídas na cidade 20 mil unidades habitacionais, que custarão R$ 1,5 bilhão ao governo federal.
Tarifa
A presidente ainda fez questão de dizer que o governo federal agiu para minimizar o aumento das tarifas de ônibus, desonerando a folha de pagamento e o PIS/Cofins das empresas do setor. Foi o aumento no preço das passagens de ônibus que fez com que os protestos estourassem em São Paulo e outras centenas de cidades pelo país em junho.
Numa espécie de resposta velada aos protestos, a petista disse que mobilidade urbana é prioridade de sua gestão porque “garantir transporte público rápido, seguro e de qualidade também é um eixo de redução da desigualdade”.
Em contraposição à fala da presidente, o prefeito Fernando Haddad elogiou ações conjuntas que vem firmado com Alckmin desde o início de sua gestão e chamou o governador tucano de “parceiro da cidade de São Paulo”. Ele discursou antes de Dilma.
Durante sua fala, a presidente cometeu uma pequena gafe. Ela chamou o bairro do Campo Limpo, na zona sul, de “Capão Limpo”, numa confusão com Capão Redondo, que fica na mesma região.
Fonte: Folha de S. Paulo, Por Daniela Lima, Diógenes Campanha e Giba Bergamim Jr.

Dilma e Haddad fazem o maior pacote de investimentos federais da história de São Paulo

Um pacote de investimentos de R$ 8 bilhões para a cidade de São Paulo dentro do PAC 2 foi celebrado em encontro da presidenta Dilma com o prefeito Fernando Haddad.


Os investimentos são em transporte público urbano, obras contra enchentes, moradias e recuperação de mananciais, principalmente das represas Guarapiranga e Billings.

Serão construídos 99Km de novos corredores de ônibus e terminais, para reduzir o tempo que o trabalhador perde no trânsito.

15 mil casas do Programa Minha Casa Minha Vida serão construídas, além de obras de drenagem, contenção em área de risco, pavimentação, creches, escolas, hospital, esporte, lazer e assistência. 

Os investimentos vão beneficiar, sobretudo, as áreas mais carentes da cidade.

Dilma disse: “É justo que a cidade de São Paulo receba os primeiros R$ 8 bilhões porque aqui está concentrado o maior desafio do país (...) O esforço de enfrentar os desafios de mobilidade urbana significa começar a combater a distribuição desigual do espaço urbano e a marginalização da população das periferias”.

Haddad comentou: "Este é o maior pacote de investimentos federais em São Paulo da história".

As obras e os números:


Obras
R$ 8 bilhões

Drenagem – R$ 1,4 bilhão + R$ 254 milhões do Programa Minha Casa Minha Vida

- Programa de Redução de Alagamentos – já licitado
- Córrego Morro do S
- Córrego Paciência
- Parque Linear Ribeirão Perus
-Córrego Tremembé
- Riacho do Ipiranga
- Anhangabaú – recurso para projeto
- Uberaba – Paraguai / Éguas

Projeto Mananciais – R$ 2,2 bilhão + R$ 1,1 bilhão do Programa Minha Casa Minha Vida

- 15 mil unidades do Programa Minha Casa Minha Vida
- drenagem
- contenção de área de risco
- recuperação de áreas degradadas
- pavimentação
- equipamentos comunitários: creches, escolas, hospital, esporte, lazer e assistência.

Mobilidade urbana

CORREDORES
Situação da licitação
Total
(R$ milhões)
Extensão
(km)
ZONA LESTE
Radial Leste
Contratado
822
26
Leste - Itaquera
Contratado
355
14
Aricanduva
Em licitação
126
14
Terminal Itaquera (46 mil m²)
Contratado
187
-
BERRINI
Berrini
Contratado
45
3
COMPLEXO
M’BOI
MIRIM
Corredor M’Boi Mirim / Santo Amaro
Contratado
293
16
Corredor M’Boi Mirim / Cachoeirinha
Edital Pré Qualificação
295
6
Corredor M’Boi Mirim / Guavirutuba
Edital Pré Qualificação
281
6
Corredor Agamenon – Baronesa
Edital Pré Qualificação
274
8
Corredor av. Carlos Caldeira Filho
Edital Pré Qualificação
248
3
BELMIRA MARIN
Trecho 1
Edital Pré Qualificação
222
3
TOTAL

3.148
99

segunda-feira, 29 de julho de 2013

SÃO PAULO QUASE FOI UMA DAS PIONEIRAS DO MONOTRILHO AINDA NO SÉCULO XIX

O Metrô de São Paulo é hoje um grande símbolo da dita “modernidade” da metrópole. Essencial para o funcionamento da grande máquina dos deslocamentos diários, mais de dois milhões de passageiros são levados por dia por suas cinco linhas, conectadas ao sistema metropolitano (que engloba, além dos 74km de seus trilhos, mais de 200 outros quilômetros de trilhos da CPTM).
As ferrovias herdadas pela malha da atual CPTM datam da segunda metade do Século XIX, com acréscimos construídos até a seguda metade do XX. São vias tortuosas. Seguem velhos caminhos que levavam ao interior, ao litoral e a outros estados.
No caso do Metrô, sua malha foi construída do zero, a partir de 1968, e já com o propósito de servir à operação de trens metropolitanos.
Contudo, a data de 1968 é bastante tardia na história dos projetos para o Metropolitano. Já se cogitavam serviços comparáveis ao de um “metrô” desde fins do Século XIX – quando ainda se cogitavam apenas serviços rápidos de bonde para uma cidade com menos de um décimo da população de hoje.
O primeiro projeto que se tem registro data de 1888, apenas 21 anos após a inauguração da primeira ferrovia de São Paulo (a São Paulo Railway, conhecida por Ingleza). Consistia numa linha elevada de bondes entre o Largo do Rosário e o Largo do Paiçandu – numa ligação inédita entre os dois lados do Vale do Anhangabaú, cuja transposição, até então, era bastante custosa.
Os veículos em questão, segundo o que se pode observar nos desenhos, andariam apoiados sobre uma única viga de aço central, num sistema de apoios bastante semelhante ao monotrilho Alweg – adotado na Linha 15 (Prata) em construção na Zona Leste e na Linha 17 (Ouro), na Zona Sul.
Tendo sido idealizada pelo engenheiro alemão Alberto Kuhlmann, é possível que essa linha seja uma variante do projeto pioneiro de monotrilhos no mundo, o de Wuppertal, que entrou em operação nove anos depois da proposta de Kuhlmann para São Paulo.
viaferrea
Primeiro projeto de via férrea elevada de São Paulo, detalhamento técnico dos veículos
Por fim, o projeto foi cancelado, pois Kuhlmann não conseguiu concluir as obras no prazo estipulado, e a transposição do Anhangabaú se deu apenas em 1892, com a construção do Viaduto do Chá (cujo material foi retirado do projeto não-executado da via elevada de Kuhlmann), que veio a ser rota para os bondes convencionais, sem via exclusiva, muito menos suspensa. E São Paulo possivelmente perdeu a oportunidade de ter tido o primeiro monotrilho do mundo.
Mais tarde, Alberto Kuhlmann veio a construir e operar a Tramway de Santo Amaro.
A partir daí vieram vários e vários projetos, com intenções, diretrizes e prioridades dos mais diversos, que serão tratados em posts futuros aqui.
Eduardo Ganança, com informações de Edison Veiga (O Estado de S. Paulo)

TRILHOS IMAGINÁRIOS DAS DÉCADAS DE 30 E 40

Do Viatrolebus

Série:  Histórico do Metrô de São Paulo
Em meio à crise do café, às revoltas e às profundas transformações políticas que se sucederam na primeira metade da década de 30, diferentes planos para o transporte rápido eram traçados em São Paulo. Melhorias viárias que previam facilitar sua construção chegaram a ocorrer na cidade, porém, mais uma vez, ela não chegou a ocorrer.
Em 1929, não concretizado o projeto da Light, o Prefeito Pires do Rio encomenda o Plano de Avenidas, que também englobava um projeto de sistema rápido sobre trilhos, praticamente uma revisão dos planos anteriores, que os adaptava ao PdA. Porém, mais do que isso, propunha ao transporte rápido a função de substituir parte dos serviços de subúrbio das ferrovias.
Dentre as novidades, havia a diretriz sudeste, com planos de uma linha elevada sobre o Tamanduateí, seguindo até o Ipiranga e futuramente ao ABC,em substituição ao serviço de subúrbio da São Paulo Railway. Além disso, dialogava com os planos da EFCB de deslocar sua via férrea para norte, junto ao Tietê, a partir da Penha (o que anos mais tarde materializou-se como a Variante de Poá, parte da atual Linha 12 da CPTM) – dessa forma, o serviço metropolitano substituiria todo o serviço de subúrbios na “linha velha” da EFCB.
Ainda eram previstos ramais (ou “esgalhamentos”, na terminologia da época) das linhas norte (diretriz cantareira) e sudeste (diretriz Jardim América). No caso da primeira, os ramais seguiriam ao longo do Tietê. No caso da segunda, era prevista uma expansão até a margem do Rio Pinheiros, às margens do qual haveria um ramal a norte até Pinheiros (e depois Osasco) e a sul para Santo Amaro. Anos mais tarde a Estrada de Ferro Sorocabana viria a aproveitar essa última diretriz para o traçado de sua nova linha ao longo do Pinheiros, construída principalmente para ligar a capital à linha Mairinque-Santos, mas que também recebeu um serviço de subúrbios em seu caminho (que evoluiu para a atual Linha 9 da CPTM).
Ainda em 1929, eclodiu a célebre crise financeira mundial, golpe duro na economia paulista, baseada na cafeicultura – e seguiram-se as revoluções de 1930 e 1932. E os investimentos massivos em infraestrutura na cidade só voltaram a ocorrer na primeira gestão de Prestes Maia, iniciada em 1938.
Até 1945, Prestes Maia investiu pesadamente na construção de novas avenidas, principalmente da chamada Primeira Perimetral. Essa avenida engloba os atuais Avenida Ipiranga, Avenida São Luís, Viaduto 9 de Julho, Viaduto Jacareí, Rua Maria Paula, Viaduto Da. Paulina, Praça João Mendes, Rua Anita Garibaldi, Rua Rangel Pestana, Rua da Figueira, Avenida Mercúrio e Avenida Senador Queirós – configurando um anel completo em torno do centro da cidade.
Estava previsto a passagem de uma linha subterrânea no trecho entre a Avenida São Luís e a Avenida Rangel Pestana. De fato, os desenhos de cortes transversais das avenidas mostram isso:
Corte Avenida (FIGURA 1)
Seção de uma avenida-tipo da primeira perimetral, com vias férreas subterrâneas
Mais concretamente, os viadutos 9 de Julho, Jacareí e Da. Paulina foram construídos já com tabuleiro duplo, prontos a abrigar quatro vias em seu nível inferior:
novedejulho-transversal (FIGURA 2)(1)
Seção do Viaduto 9 de Julho, com quatro vias férreas em seu tabuleiro inferior

novedejulho-atual (FIGURA 3)
Imagem atual do Viaduto 9 de Julho
Aproveitando esses planos, o Engenheiro Mário Leão propôs logo em seguida a construção de um sistema com um anel de irradiação real, tal qual o existente no metrô de Chicago, que englobaria, o trecho da Primeira Perimetral entre a Avenida Ipiranga (inclusive) e a Avenida Rangel Pestana (exclusive), e mais o Viaduto Santa Ifigênia (supondo-o reconstruído com tabuleiro duplo) e a Rua Boa Vista (com o viaduto homônimo, sobre a Rua General Carneiro, também recebendo tabuleiro duplo).
A partir desse anel completo, sairiam linhas de forma complementar às ferrovias, ao contrário do plano anterior, que as substituiriam.
O plano era composto por uma linha a noroeste, saindo do anel na Avenida Ipiranga e seguindo até a estação da Sorocabana (atual Júlio Prestes); uma linha nordeste, do Pátio do Colégio até o terminal da Tramway da Cantareira, à beira do Tamanduateí; uma linha a leste, da Avenida Rangel Pestana até a estação Brás-Roosevelt; uma linha sudoeste, subterrânea pela Rua da Consolação até o Hospital das Clínicas, a partir de onde seguiria elevada pela Avenida Rebouças até o Jóquei Clube, encontrando o Ramal de Jurubatuba da EFS; e uma linha sul, partindo do Viaduto Da. Paulina e seguindo no canteiro central da futura Av. Itororó (23 de Maio) até encontrar a Tramway de Santo Amaro, na Av. Ibirapuera.
A solução de anel de irradiação central foi bastante criticada, devido ao fato de impossibilitar baixos intervalos fora do anel, que seria compartilhado por todas as linhas (da mesma forma que o “loop” de Chicago).
Mário Leão (FIGURA 4)
Reconstituição do Plano Mário Leão
Em 1948, a Cia. Geral de Engenharia apresentou o mais completo projeto até então, introduzindo as diretrizes “definitivas” que viriam a ser seguidas pelos planos posteriores, sendo o primeiro plano a prever três linhas diametrais básicas: Norte-Sul, Leste-Oeste e Sudoeste-Sudeste. No caso, as linhas Leste-Oeste e Sudoeste-Sudeste formariam dois meios-anéis complementares ao redor da região central.
Sinteticamente, os traçados eram: diretriz Cantareira-Anhangabaú-Itororó para a Norte-Sul, diretriz Rebouças-Consolação-Ipiranga-Luz-Tamanduateí para a Sudoeste-Sudeste e EFCB-Várzea do Carmo-Primeira Perimetral-Rua das Palmeiras-Av. São João para a Leste-Oeste.
Plano Cia de Eng (FIGURA 5)
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Reconstituição aproximada do Plano da Cia. Geral de Engenharia, utilizando a identidade cromática das linhas atuais que se utilizaram das mesmas diretrizes das desse plano.
Esse projeto tinha tom bastante alarmista, chegando a dizer que “São Paulo chegou ao seu ponto de saturação” e que “é difícil conceber São Paulo com 3 milhões de habitantes sem seu sistema de transportes rápidos”.
Prestes Maia volta a ser peça-chave no planejamento do futuro metrô de São Paulo em 1956 e em 1961, quando volta a ser prefeito. Assunto a ser tratado em breve…

BRT se consolida como um dos meios de transporte mais eficientes do mundo

Cotado por especialistas como uma das melhores saídas para evitar que o trânsito das grandes metrópoles chegue ao colapso, o BRT (Bus Rapid Transit) foi adotado em 35 países e em 14 cidades brasileiras, inclusive no DF, onde 220 mil pessoas deverão ser transportadas diariamente.


“O BRT é uma boa oportunidade de transporte coletivo, que tem por objetivo transportar o maior número de pessoas de forma racionalizada. É um sistema que se adequa bem a uma demanda relativamente alta e que poderá amenizar o trânsito que temos”, analisou o especialista em transporte, Paulo César Marques.

O projeto do BRT do DF (Expresso DF) terá 43,5 km de extensão e usará tecnologia de ponta, semelhante à empregada no Rio de Janeiro e São Paulo e em países como Japão, Alemanha, Chile e Estados Unidos.

De acordo com Marques, entre as melhorias que este modelo proporciona à população está a maior rapidez nos deslocamentos, uma vez que a quantidade de veículos nas ruas será reduzida com a oferta de transporte público de qualidade.
Na capital federal, esse sistema, assim como ocorreu em outras cidades, ajudará a desafogar o trânsito durante os deslocamentos entre Santa Maria/Gama e o Plano Piloto.

BENEFÍCIOS – Dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) revelam que, em média, um ônibus comum comporta até 80 passageiros, quantidade que substitui 50 automóveis ou 70 motocicletas. Os do BRT, por sua vez, chegam a carregar até 270 passageiros.

“A implantação de sistemas BRT com serviços mais rápidos e de maior qualidade iria, sem dúvida, atrair usuários de carros e motos. Essa seria uma forma, relativamente rápida, de promover, com baixo custo, melhorias no trânsito”, ressaltou o diretor administrativo e institucional da NTU, Marcos Bicalho.

Ao mesmo tempo em que acontece a diminuição de veículos nas ruas, a tendência é que os engarrafamentos sejam reduzidos e que a população ganhe mais tempo em seus deslocamentos.

O sistema BRT também afeta positivamente o meio ambiente, já que atualmente 30% dos deslocamentos são feitos em meios motorizados, que ocupam 70% das vias de circulação e comprometem, de forma significativa, a qualidade do ar com a emissão de uma série de poluentes.

“Para que tenhamos uma solução adequada para o trânsito e o meio ambiente, principalmente nos centros urbanos, é preciso estimular a população a usar o transporte coletivo. Paralelamente, é preciso oferecer melhores condições no transporte coletivo por ônibus, implantando os sistemas BRT”, defendeu Bicalho.

EXEMPLOS – As cidades brasileiras que contam com esse meio de transporte em operação, conforme levantamento da NTU são Goiânia, Uberlândia, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.

No total, as 14 cidades do Brasil contam com 32 projetos do BRT e somam 554,4 km de extensão de corredores adaptados à operação dos ônibus desse serviço.

Na capital carioca, o primeiro dos quatro trechos implantados na cidade completou, em junho, um ano em operação, e o saldo, segundo o subsecretário municipal de Transportes, Carlos Eduardo Maiolino, é positivo.

“O BRT é uma das grandes apostas do governo, e vemos que a expectativa foi superada. Planejávamos transportar 100 mil pessoas por dia, em um trecho de 45km, e hoje, em funcionamento, transportamos 120 mil. Temos uma demanda 20% a mais”.

O trecho em funcionamento -TransOeste- liga as bairros de Santa Tereza (Zona Central) à Barra da Tijuca (Zona Oeste), percurso que, antes do BRT, era realizado em até 2h30 e que agora leva apenas 1h.

De acordo com o subsecretário, outras três linhas serão construídas na cidade até 2016, quando 150km de corredores exclusivos serão conectados.

Ele destaca que o BRT é superior a outros formatos de transporte coletivo: “A primeira escolha do usuário é o tempo de viagem, seguido da confiabilidade do sistema, além do conforto. Hoje temos quatro milhões de viagens de ônibus por dia, e o BRT é, sem dúvida, uma das melhores opções”.

Em nível mundial, 35 países utilizam essa tecnologia -nove deles na América Latina-, com destaque para a Cidade do México, que teve o BRT inaugurado em 2005 com a promessa de melhorar a mobilidade de 20 milhões de habitantes da área metropolitana.

O resultado desse investimento do governo mexicano foi satisfatório, de acordo com a empresa responsável pela operação do serviço, e atualmente transporta 120 mil passageiros diariamente, em 67km de faixas exclusivas, que é atendida com um ônibus a cada 1,8 minutos.

Istambul, na Turquia, também é outra cidade que apostou, desde 2007, o BRT como forma de amenizar o caos no trânsito.

Na maior cidade turca são transportados 600 mil passageiros por dia, em 42km de corredor e com 33 paradas, numa operação que conta com um ônibus a cada 60 segundos.

De volta à América Latina, Bogotá, na Colômbia, tem o sistema desde 2000, que transporta 1,690 milhões de passageiros diariamente, em 84km de extensão e 114 paradas.

A média de espera pelos ônibus é de 63 segundos e cada veículo transporta, em média, 1,5 mil pessoas por dia, segundo informações do operador do sistema colombiano.

Informações: Gov. DF

A COMISSÃO DO METROPOLITANO E SEU ANTEPROJETO P

ViaTrolebus 

Em 1956 – após o abandono dos planos das décadas anteriores – foi formada pelo Prefeito Toledo Piza a Comissão do Metropolitano, encabeçada pelo ex-prefeitoPrestes Maia, que chegou a apresentar o Anteprojeto de um Sistema de Transporte Rápido, muito mais completo e abrangente que qualquer outro até então apresentado, comparável somente ao plano de Pires do Rio, contemplando não só as diretrizes centrais, mas também substituindo os serviços de subúrbios na EFCB até Vila Matilde e na Santos-Jundiaí (ex-SPR) até Ipiranga (e depois ao ABC, via canal do Tamanduateí).
Mapa da rede proposta pela Comissão do Metropolitano em 1956
Mapa da rede proposta pela Comissão do Metropolitano em 1956
Apresentou também uma série de intervenções viárias, várias das quais foram implantadas por Prestes Maia quando voltou a ser prefeito, em  1961. Algumas delas contemplavam a implantação do projeto de 56 para o metrô, como a Avenida Itororó com largo canteiro central e viadutos transversais com estrutura para receber estações (como o Viaduto Pedroso).
Perspectiva do Viaduto Pedroso após a construção do metrô
Perspectiva do Viaduto Pedroso após a construção do metrô
Planta do Viaduto Pedroso, integrado ao metrô
Planta do Viaduto Pedroso, integrado ao metrô
Vista atual do Viaduto Pedroso
Vista atual do Viaduto Pedroso
"Acesso" à estrutura da estação, hoje usada como albergue a moradores de rua
“Acesso” à estrutura da estação, hoje usada como albergue a moradores de rua
Apesar de ter aberto espaço para a construção das linhas de metrô Leste-Oeste e Norte-Sul de seu plano, que aproveitariam tanto suas obras anteriores ao anteprojeto (viadutos da Primeira Perimetral) quanto posteriores a ele (Avenida Itororó e Viaduto Pedroso), Prestes Maia encerrou seu mandato em abril de 1965 sem ter iniciado a construção efetiva de nenhuma das linhas – e veio a falecer no mesmo mês.
Seu sucessor, Faria Lima, encomendou ao consórcio internacional HMD (formado pelas companhias Hochtief, Montreal e Deconsult) um estudo definitivo que guiaria a construção do Metropolitano – e que foi o primeiro projeto a ser levado a cabo até o fim.

INCOERÊNCIA: Por mês, trolebus ainda pagam R$ 620 mil à Eletropaulo

por 

ônibus
Trolebus em São Paulo. Gasto com energia de tração, de acordo com SPTrans, é em média de R$ 600 mil. Ônibus elétrico ainda paga a mesma forma de tributação que uma pessoa que demora no banho nos horários de pico.
INCOERÊNCIA: Trólebus em São Paulo pagam em média R$ 620 mil por mês para Eletropaulo e recebem menos incentivos que veículos mais poluentes
Ônibus elétricos pagam ainda a mesma tarifa no horário de pico que uma pessoa que demora no banho no final da tarde
ADAMO BAZANI – CBN
Enquanto especialistas e a sociedade pregam a necessidade de ações que preservem o meio ambiente para que a qualidade de vida nas cidades melhore, na prática há poucos incentivos e até mesmo custa caro tomar atitudes para diminuir a emissão de poluentes.
O transporte coletivo é considerado não apenas uma solução de mobilidade urbana, mas para o meio ambiente também. Isso porque, um ônibus simples, por exemplo, pode de uma só vez substituir 40 carros de passeio, levando em conta que em média um carro só transporta duas pessoas e o ônibus tem lotação de 80 passageiros.
Mas quando é possível deixar o ônibus menos poluente, melhor ainda para as condições de vida da população e também para os cofres públicos. De acordo com o Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, cerca de 4 mil pessoas por ano morrem por problemas agravados pela poluição em São Paulo. Ainda segundo o laboratório, só em gastos com saúde pública, a poluição gera custos anuais em torno de R$ 460 milhões.
Apesar disso, os incentivos para a produção e compra de ônibus elétricos (trólebus) ou híbridos (elétricos híbridos) são poucos e bem menores que os R$ 32 bilhões de renúncia fiscal pelo Governo Federal desde 2004 para a produção e venda de carros de passeio, de acordo com dados da própria Receita Federal.
Mas se a compra de ônibus menos poluentes carece de incentivos, a operação também.
Hoje o Estado de São Paulo tem apenas três sistemas de trólebus: o da Capital Paulista, operado pela Ambiental Trans, o do Corredor Metropolitano ABD, servido pela empresa Metra, e o de Santos, com poucos veículos operados pela Viação Piracicabana.
Atualmente, as empresas podem diretamente manter as redes aéreas ou terceirizar os serviços, que antes eram exclusivos da Eletropaulo.
Mas a compra da energia ainda é pela concessionária e aí que aparece uma grande incoerência.
Apesar dos benefícios de mobilidade e para a redução à poluição que os trólebus proporcionam, os serviços são tributados como qualquer usuário comum.
Nos horários de pico, para evitar sobrecarga, o custo por minuto de energia elétrica é maior que nos demais horários. A medida serve para as pessoas usarem a energia em horários alternativos. Mas bem no horário de pico, o transporte coletivo se torna ainda mais importante por atender mais pessoas. Mesmo assim, a tributação é a mesma que a imposta sobre qualquer outro usuário e não há incentivo apesar dos benefícios dos transportes menos poluentes.
Dados da SPTrans, São Paulo Transportes, gerenciadora dos serviços na Capital Paulista, mostram que o sistema da capital tem de pagar em média R$ 620 mil como “Gastos de Energia para Tração – Eletropaulo”, segundo os relatórios da autarquia.
Entre janeiro e maio, que são os dados consolidados, estes custos foram de R$ 3 milhões 142 mil 790 e 50 centavos. A cidade tem pouco menos de 200 trolebus.
No início do ano, quando os custos de energia estavam mais altos, os gastos com tração elétrica quase atingiram R$ 800 mil
Acompanhe
GASTOS DO SISTEMA DE TRANSPORTE COM ENERGIA PARA TRAÇÃO – ELETROPAULO:
Janeiro/2013: R$ 799 mil 544 e 84 centavos
Fevereiro/2013: R$ 544 mil 660 e 20 centavos
Março/2013: R$ 585 mil 832 e 46 centavos
Abril/2013: R$ 646 mil 313 e 07 centavos
Maio/2013: R$ 566 mil 440
Fica a pergunta:
O que vale mais a pena, incentivar os transportes menos poluentes e diferenciar a tributação sobre a fabricação e operação de ônibus híbridos e trólebus ou renunciar R$ 32 bilhões em nome do transporte individual e gastar R$ 460 milhões por anos em saúde por causa da poluição apenas em São Paulo?
A resposta parece óbvia, mas na prática, é difícil existir uma política que de fato privilegie o transporte público, em especial o menos poluente.